Monday, April 30, 2018

DOSSIÊ TEMÁTICO (English Version will follow) “Situações Extremas, Grandes Projetos de Desenvolvimento e Povos Indígenas: Indigenismo empresarial em perspectiva comparada” Prazo para Submissão de Artigos: 30/06/2018

DOSSIÊ TEMÁTICO (English Version will follow)
“Situações Extremas, Grandes Projetos de Desenvolvimento e Povos Indígenas: Indigenismo empresarial em perspectiva comparada”
 Prazo para Submissão de Artigos: 30/06/2018

Organizadores
Prof. Dr. Stephen Grant Baines (UnB)
Prof. Dr. Cristhian Teófilo da Silva (UnB)

No início dos anos 1990, Stephen Baines analisou uma faceta da política indigenista adotada pelo governo brasileiro que consistia (e ainda consiste) em ampliar a infraestrutura para grandes empreendimentos econômicos como barragens para geração de energia hidrelétrica, mineração, rodovias, complexos portuários etc., no interior e através de terras indígenas. O “indigenismo empresarial” então praticado junto ao povo indígena Waimiri-Atroari, foi dirigido por uma Organização Não Governamental com sede dentro da própria Eletronorte, o Programa Waimiri-Atroari, instalado a partir de abril de 1987, seis meses antes do fechamento das comportas da Usina Hidrelétrica (UHE) de Balbina, no Amazonas, que inundou vasta área do território desse povo indígena, e em plena consonância com os interesses imediatos da empresa mineradora, Mineração Taboca, que já havia invadido parte do território indígena. O “indigenismo empresarial”, neste caso, apoiava-se na promoção de “lideranças” indígenas como porta-vozes das empresas e do órgão indigenista que eram formadas para trabalhar como transmissores das ordens das empresas e dos programas de assistência indigenista então criados entre estas e o órgão para governar os indígenas. Trata-se de um caso extremo de subordinação de um povo indígena a interesses desenvolvimentistas internacionais e nacionais, mas que encontra situações similares junto a outros povos indígenas no Brasil. Para citar apenas dois outros casos, a Eletronorte dirigiu também o Programa Parakanã, para um povo indígena atingido pela UHE Tucuruí no Pará, e a FURNAS promoveu o Programa Avá-Canoeiro em Goiás.
Considerando a multiplicidade e multiplicação de situações extremas para a sobrevivência ou a autonomia dos povos indígenas diante da expansão territorial do capitalismo neoliberal, faz-se premente compartilhar de maneira comparativa estudos empíricos sobre casos de “indigenismo empresarial” nas Américas, investigando os desdobramentos mais recentes deste fenômeno e as diversas estratégias das empresas e respostas dos povos indígenas. Desse modo, propomos o presente dossiê com vistas a ampliar a abrangência descritiva e analítica da noção de indigenismo empresarial abarcando não somente casos de cooptação e capitulação diante dos poderes de grandes empresas, mas experiências diversas dos povos indígenas com empreendimentos econômicos capitalistas e políticas neoliberais enfatizando situações neocoloniais, processos sociais e dinâmicas de mudança social e cultural que ameaçam a autonomia dos povos indígenas, assim como suas correspondentes formas e práticas de enfrentamento e resistência. Nesse sentido, também serão aceitos trabalhos que abordem experiências de etnodesenvolvimento e casos de “indigenização do desenvolvimento”, dentre outros, de apropriação cultural indígena de empresas, empreendimentos e práticas capitalistas, tais como foram originalmente abordadas e problematizadas por Jean and John Comaroff em “Ethnicity Inc.” (2009). O objeto será reunir trabalhos que permitam explorar outras regiões e setores do capitalismo global que são incorporados por diferentes sistemas cosmológicos locais ao mesmo tempo que transformam estes, para nos servir da seminal contribuição de Marshall Sahlins (1988).
A publicação estará estruturada em dois grandes eixos temáticos: a) Estudos empíricos de casos e situações extremas do capitalismo e tentativas de definir “etnodesenvolvimento”, “etnocapitalismo”, seus desdobramentos e seus impactos; e b) revisão bibliográfica de estudos empíricos de casos de “indigenismo empresarial” e das cosmologias do capitalismo com vistas à reelaboração conceitual com fins comparativos. Artigos com temáticas correlatas que não estejam diretamente incluídas nos dois eixos temáticos poderão ser submetidos desde que se estabeleça o diálogo com estudos de “indigenismo empresarial” ou contribuam para a pesquisa em perspectiva comparativa deste tema.

Instruções para autores/as e submissão dos artigos deverá ser realizada até 30/05/2018 no endereço:
Os trabalhos podem ser enviados nos seguintes idiomas: português, espanhol, francês e inglês.
As dúvidas sobre a chamada poderão ser esclarecidas através do e-mail: revistaceppac@gmail.com

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